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A morte das mulheres no Retiro do Boqueirão.
A morte das mulheres no Retiro do Boqueirão.

Certa tarde de verão, eu e o Zé Tubarão, sentados a beira do barranco, numa nascente d`água, e após bebermos daquela água abençoada, o Zé me contou a seguinte história de amor, ocorrida entre dois peões apaixonados, já como as quatro rodas ocorridas e duas damas de cabarés que muito se amavam entre elas. Assim um segredo, um mistério que só a morte delas iria revelar o estrago no coração destes amantes, gentis, ingênuos e responsáveis por ter cativado os corações das duas enamoradas, que suas mortes não separaram-nas:

- Quando eu vinha do roçado, já de longe eu avistei a casa que com minha ´´ Nega do Bundão `` que eu morava, em chamas eu encontrei, muita gente tentando apagar o fogo e eu ali chorei, vendo todo mundo ao redor das cinzas e minha negra eu não topei. Senti que o caso era serio, senti o gosto da morte a encher a caixa do peito, o nó da garganta que experimentei, o amargoso da minha saliva trazendo mais aquela infelicidade para atrapalhar o meu bem viver. Não vi também, o meu vizinho, companheiro da Gigi namorada da minha preta Tereza. Logo atinei, ali no braseiro estava sendo transformada em pó, duas, enquanto ambas se beijavam, se acariciavam, eu me excitava, olhando aquele esplendor de gozo delas que me dava cócegas na garganta, me enchendo de contentamento e entusiasmo, assim o que estava morto renascia para o mundo inteiro gritar: amem, amem muito, isto é viver, viva a vida. Agora me diga Coronel, como podemos criticar tão bela expressão do amor. O amor é a mais alta sensação de prazer do ser humano, então aqui não cabe preconceitos, se duas mulheres se amavam, me diga, que culpa elas tem se os toques e afagos, beijos e abraços, já ficam excitadas, se elas se sentem bem, se são felizes, as razoes das etiquetas e regras sócias vão para o inferno, o que conta é ser feliz, não importa a culpa ou quem tem razão o importantes é a felicidade plena de cada uma. Eu, nessa estória entrei de figurante, e depois como coadjuvante e finalmente depois de muitas noitadas de sexo grupal, em, fé, Gigi e a nega Tereza, que isso fique bem claro. A coisa começou como uma brincadeira e assim tomou um rumo catastrófico. Ao ver a fumaça subindo e sumindo e o povo se retirando, e eu cá com meus botões pensando isso não foi um acidente, logo imaginei que o jagunço, Zé Grande, tinha tramado tudo, para desaparecer, o que ele chama de pouca vergonha. O jagunço não aceitava aquilo, era preconceituoso demais para aceitar este triângulo amoroso. Já eu tirava de letra, porque era bom demais, enfim tudo que é proibido, não é aceito, são os tabus de uma época. É a maçã da Eva que queremos provar, porque é o pecado, porque vamos saciar nosso ego de prazer, cai a noite, e eu lá ao redor das cinzas, onde até horas antes fora uma casa alegre, com duas belas morenas, ardentes de paixão, ativas sexualmente, para ambos os sexos, e era sexo pelo sexo, e amor pelo amor. Mas estas mártires do amor, pagaram com a vida por amar demais. Foi embora os olhares apaixonados, os selinhos nos beijos de despedidas, as trocas de palavras carinhosas e confissões de amor. Depois desses encontros amorosos entre elas, vejo como minha as minhas noites com a nega Tereza era também deliciosas, pois eu completava sua felicidade com uma boa penetração, assim meu fato latejava dentro da vagina asseada daquela feliz amante.´´ Para fazer o pênis encher e esvaziar, é preciso muito treinamento, um aprendiz, aperta e solta, gozara sem cessar. O segredo para não ejacular precocemente é fechar o ânus sem que o membro se encha de sangue.

Ou seja, mantenha o buraco de trás tapado, Assim não esporra mesmo, retarda o gozo.

Por isso que tem homem que tem dificuldade em gozar, a mulher tem que enfiar o dedo ou um vibrador no ânus para acelerar a gozada.``  Quando dentro da vagina, a Nega do Bundão com sua treinadamente apertava e frouxava o pênis num vai e vem, onde os anéis de sua periquita se pareciam com uma mamada de uma bezerra numa vaca das tetas grandes. Que delicia, nos numa combinação perfeita, de aperta e frouxa, eu de cá ela de lá, os corpos suados a se esfregar como se estivéssemos ensaboados. A perereca dela já toda molhada, chegava a espumar, como se meu membro fosse um bezerrão a se deliciar com o abojo da vaca mimosa. A minha luta era sempre para retardar a gozada, minha amada nunca estava atrasada, a expectativa era que aquele fazer amor era a ultima trepada. Assim minhas noites eram de intenso amor, para no raiar do dia eu pegar a condução dos bóias frias para ir trabalhar. Na viagem ate o roçado eu sempre ia pensando nos bons momentos vividos com a Nega Tereza da noite anterio.

Com aquele maléfico incêndio a vida de duas damas a sorte me tirou. Fiquei triste, juntei as cinzas das amadas amantes, guardei amigo, para nunca esquece-las, ate eu morrer.

Coronel essas cinzas são para acompanhar o peão em sua ultima jornada, na sepultura deverá ser enterrada, este vai ser o ultimo encontro com minha amada, deste jeito que quero ama-la para toda vida.

Esse crepúsculo no sertão, com cheiro de queimadas e jasmim, vi as marrecas no laço olhando para mim, vi também as garças se equilibrando num pé só, batendo o bico e o outro pé por baixo das asas, o quero-quero a piar na envernada, até a mula preta veio me ver naquele estado, olhei para o outro lado vi o paiol com minhas peças e apetrechos de montaria, neste momento eu já sabia, que daquele lugar sairia. Ai ouvi o choro do rasga mortalha e o piado da coruja, num agouro só que a lua cor de prata banhava a lagoa entristecida , andando sobre a água lentamente, luz noturna acompanhada pelos vagalumes que voavam ao meu redor. Me pus a pensar nesta hora como seria minha vida sem os carinhos daquela que me adorava, e eu trabalhava para dar de tudo, era assim que ela gostava.

Como eram bons os nossos banhos de cachoeiras todas as tardes, banhávamos nus, ela, eu tenho a imagem de suas belas curvas, morena do sertão, como as tardes do sertão, seis duros e cheios, levemente coberto pelo seu cabelo preto lustroso, reluzente como as pernas negras da graúna nordestina, essa era minha menina. A correr de cascata para lagoa, que era nossa piscina, sabia a felicidade a nos combinar, mas tive a triste sina de perde-la precocemente, como a gente sente, uma pessoa assim ausente. Aquela noite passei em claro. De manhã, vendi minha criação lá na currutela mais próxima, levei comigo meus tarecos, enfiei o pé no estribo, montei na sela, com minha mula preta corte o estradão, numa marcha troteada e levantei pó daquelas estradas de chão. Dobrei meu chapéu na testa, ganhando dinheiro como peão de boiadeiro ou roceiro, assim como ganhei gastei, foi uma vida nômade de boteco em boteco, pinga em pinga, de cigarro em cigarro, de cabaré em cabaré, tudo tentando esquecer aquela paixão. O tempo passou e eu não esqueci, dos meus excessos na bebida e cigarros.

Conheci o xilindró, vi o sol nascer quadrado, na cadeia aprendi, que iniciante seu lugar não é ali, que a liberdade e a independência, são bens incalculáveis que Deus deixou para todos nós. Sendo o maior de todos os bens, reafirmo, é o amor. Coronel lhe conheci quando eu estava enjaulado. Então o senhor pagou a fiança pude responder pelo meu crime em liberdade e ganhei a independência , quando o senhor me empregou na Fazenda, para poder lhe retribuir a minha libertação.

Zé, vou tentar reproduzir uma história de amor parecida com a sua, escrita em tempos imemoriais, nas primeiras civilizações que prosperam para toda humanidade; o escritor chamava-se Ovídio, o titulo do livro que chegou até o nosso tempo é metamorfoses:

-´´Na Grécia antiga acreditava-se um dia nasceu o filho do Hermes que é o mesmo que Mercúrio e da deusa Afrodite ou Vênus para os romanos antigos, foi criado ate os 15 anos, ninfas que chamavam  de nóiades, as divindades inferiores que tomavam conta dos rios e principalmente dos gritos em fontes d`água cristalina. O menino chamava-se Hermafrodite, tinha o nome do pai mais o nome da mãe.

Depois deixou a gruta das meninas para viajar, por puro prazer, foi percorrer lugares diferentes e distantes.

Quando deu fé estava num lago de águas tão claras quanto o nosso rio Araguaia, dava para enxergar o fundo. Enquanto o jovem mancebo observava a água cristalina, foi surpreendido por uma ninfa, que não teve o menor respeito, foi atrevida e logo foi lhe cantando, tentando possuí-lo a todo o custo, custe o que custar ela o quis na mesma hora, e imediatamente o cumprimentou:´´ Belo potrinho, belo rapaz, certamente pareces um Deus. Se és serás cupido?

(...) se já tens noiva, permita-me gozar do seu amor em segredo: mas se não tens, então imploro que seja eu, e que possamos nos casar.`` Só isso a ninfa falou, o rapaz encheu-se de vergonha, não sabia onde ia botar a cara, vermelhou, pois  nunca tivera feito amor. Mas o constrangimento do rapaz, o deixou ainda mais bonito, com feições  masculinas e femininas com constantemente. A ninfa que era ousada e persistente envolveu-o com abraços, afagos, caricias, pedindo beijos pelos menos fraternais. O rapaz injuriado ameaçou sair das margens do lago e sai rapidamente daquele lugar de extremo assedio. A ninfa teve medo e fingiu ceder o lugar maravilhoso para ele prometendo não se intrometer mais em sua vida.

Assim ela virou as costas fingindo ir embora. O rapaz pensando que estava sozinha e que ninguém o observava, deu bons passos pela grama verde do talude da barranca, molhou os dedos dos pés na água, depois os pés, mergulhando-os ate os tornozelos. Em seguida, bateu a tentação pela convidativa frescura da água, ele rapidamente arrancou do seu tenro corpo as roupas delicadas, que mais pareciam de uma bela donzela.

Ao vê-lo, tão lindo, a ninfa excitada ficou fascinada!

Ela se inflamou com o fogo da paixão de possuir a sua beleza nua e seus olhos faiscavam com o brilho do sol ofuscante quando o seu disco luminoso se reflete num espelho. (...) Ela desejou abraça-lo e com dificuldade continha o seu frenesi. Hermafrodite, dando palmadinhas no corpo com as mãos, mergulhou rapidamente no lago. Ao erguer o primeiro braço e depois o outro, seu corpo brilhava nas águas claras como se alguém houvesse encerrado em um cristal, uma estátua de bronze custosa ou lírios brancos orvalhados. ´´Venci! Ele é meu! ``, gritou a ninfa, e atirando longe a suas roupas, mergulhou no lago. O rapaz lutou para se livrar dela, mas ela o segurou, e o beijava enquanto ele se debatia passando as mãos por baixo dele, acariciando seus peitos arredios, e abraçando-se a ele, ora de um lado, ora de outro. Finalmente, apesar de todos os esforços de Hermafrodite para se livrar dela, ela se enroscou nele, como uma serpente quando esta sendo alçada nos ares pelo rei das aves: pois pendurada no bico da águia, a serpente se contorce em volta da sua cabeça e garras e com a cauda impede o movimento de suas asas. (...) ´´Podes lutar, seu tratante, mas não me escapas. Que os deuses me concedam isto, que não chegue nunca a hora de separa-lo de mim, ou eu dele.``

Suas preces foram ouvidas: pois, ao se deitarem juntos se uniram e os dois pensaram a ser um só, como quando o jardineiro enxerta um galho numa arvore, e os vê crescer unidos, e juntos a atingir a maturidade: assim, ao se encontrar naquele forte abraço, a ninfa e o rapaz não eram mais dois, mas um só corpo, de dupla natureza, que não se podia dizer masculino ou feminino, mas que parecia ser ao mesmo tempo ambas as coisas e nenhuma delas.``

Bom, Tubarão,´´Trem Bão`` e mulher é tudo que a gente quer. Pois é meu bom amigo ainda vou te indagar mais sobre a Nega do Bundão, já que a Gigi você pouco soube falar sobre ela. Sei também que seus amigos da antiga, chamavam a você e sua namorada de ´´ A Fera e a Bela``. Isso explica a beleza interior de sua alma. Portanto desejo saber como foi o relacionamento sexual com esta ´´Bela``, este momento de expressão do mais intimo amor?

- Patrão, ela foi sexualmente agressiva, tinha uma fértil imaginação erótica, troca de posição, usava o pompoarismo, até colocava a perereca para fumar cigarro, não usava calcinha e nem porta-seio, gostava na intimidade de roupas transparentes, adorava vestir minha camiseta para mergulhar e reaparecer molhada, com a pouca roupa colada no corpo a mostrar seus belos seios, sua cinturinha fina e bunda grande deliciosa que me enfeitiçava, mostrando assim suas belas curvas, com aquele olhar penetrante e iluminado me convidando para satisfazer seus desejos ardentes e sem demora. Como poderia eu deixar me enroscar com aquela sereia cheia de amor para dar. Foi uma mulher que se comprometeu de corpo e alma comigo, me amou e eu a amei intensamente, mas sempre teve a necessidade de segurar sua independência e liberdade sexual. Até hoje suas idéias são nada convencionais acerca do amor e até mesmo do casamento, e ainda não estão prontas para serem aceitas por essa porcaria de sociedade, onde impera a hipocrisia e de aparências. Coronel, o seu jeito original, o seu espírito de aventura e sua eletricidade combinada com a energia física. Fui logo atraído por seus encantos, sua voz melodiosa, seu jeito de menina carente e desprotegida, que destilava sexo no andar, falar, olhar e jogar os seus lindo cabelos escuros para trás, tudo para mostrar a bela geografia de seu exótico rosto e aquele sorriso contagiante, que entra na gente como um vírus, e que vírus bom, que sensação de prazer este charme e bom cheiro traz aos nossos sentidos para cativar o mas bravo dos jagunços. Quando a nega queria partilhar, ela chegava a dançar, num frenesi louco e alucinado, um ou dois toques suaves com as mãos ou então de um beijo roubado com a ternura que me hipnotizava até minha alma. Me diga, como negar amor a uma ninfa como essa, que uma vez ela tivesse escolhido o mancebo, ela seria bem capaz de chegar a qualquer extremo para levar o macho para cama. Vi essa atitude no cabaré, já que por esse tempo queria arrumar um jeito de conquistá-la.

Seja ela quem foi, gostava de um bom desafio. Me aprofundei mais no relacionamento, notei que ela agia sempre de forma possessiva, mantinha comigo um padrão de dois pesos e duas medidas, permitia para si mesmo uma liberdade que não admitiria para mim, seu amor, seu criado, seu escravo. Como apesar dos meus amigos ela não moderou por isso acabou se dando mal. Sempre ela foi avesso a qualquer intenção, tentou se adaptar a sociedade em que vivemos, mas não conseguiu decolar. Ela foi aquela que tomava as decisões, foi justa e leal comigo, mas nunca pude trabalhar com ela, preferia e era mais eficiente trabalhando sozinha. O que mais ela queria era liberdade pessoal de mudar rapidamente nossa rotina, sem nos prendermos a detalhes e minúcias. O que ela gostava mesmo era e variedades. Esteve sempre aberta a qualquer experiência nova. Passava a vida tentando. Mas quando não gostava de alguma coisa passava rapidamente adiante sem pestanejar, não posso negar que encarou a vida com entusiasmo, buscando sensualidade, energia física e intuição.

Esta ultima para adivinhar meus pensamentos que em várias ocasiões fomos presenteados pelo acaso com uma feliz coincidência que nos deixou transformados. Assim buscávamos o inusitado e a vaidade. Que saudade eu sinto hoje, ainda sentindo em meu espírito as vibrações do sexo agressivo, enérgico e extremamente ardente. Tudo isso ela transmitia via pensamento, onde o sentimento foi e ainda é de máxima emoção: O amor. Oh! Mulherzinha que sempre topou qualquer parada, numa fugida de prazeres, desafiou os obstáculos que a vida impôs. Caçou prazer, atraiu atenção. Foi divertida. Mas o agito e as aventuras que lhe levaram a morte.