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ENCONTRO
ENCONTRO

ENCONTRO

 

Visitei a velha dama com muita comoção, senti ao vê-la no fim de sua vida, mãos trêmulas me afagaram muito sentida, meus olhos encheram d água de emoção, ao ver tão graciosa senhora naquela situação. Ali estava vendo minha mãe de coração. Com o celular tentei ligar para seu filho, meu outro irmão; Tentei é claro, foi tudo em vão...

Aí bateu a tristeza, de sentir partindo aquela afável paixão.

 

O MOCINHO E A COCOTINHA APOSENTADA

 

Como que por encanto de amor e saudade, recheado de carinho e verdade, recebi o papel verde meio amassado, com celular marcado, número tremido, sentido, escrito com muito cuidado. Assim quis o acaso presentear-nos com mais este encontro marcado. Liguei, então, ninguém atendeu, eu já de saída, meu celular deu sinal de vida. Então, atendi você um pouco antes da minha partida. Era você sim, que respondia. Ouvi você no fone, ressentida parecia, com a voz murmurante, me parecia que saía de um restaurante, se sentia doída ou ferida. Porém, sorridente, contente, como o tom de voz não mente, a gente sente, que ali tinha germinado uma fértil semente. Detrás do campo da Ponte Preta, vazei, guiado pelo destino que eu mesmo tracei.

Fui ao encontro contigo numa alegria que só eu sei, cruzei viadutos, ruas, avenidas, vias e rodovias. Segui o caminho que as coincidências e o piloto automático para tu conduzias.

Só pra encontrar aquela que um dia me fez sentir um gigante, um ás do volante, desta estrada da vida.

Enchi-me de coragem, pedi licença, que a vida não pede passagem. Fui ao seu encontro como quem vem de uma longa viagem. Que miragem! Ao vê-la tão linda desfilar com graça pela praça ao fim do dia, onde seus passos o galeria ouvia, mas que bela guria, e eu pra lá de contente sorria. Flertamos, olhamos, abraçamos e espelhamos. Casa cheia, porém, não vi ninguém, a não ser você ao meu lado. Não tive o menor cuidado, fui ousado, tomei atitudes que um dia tinha faltado. Falei e falei, e você ali ouvindo tudo, tudo mesmo de bom grado. Aí vem a luz que nos rodeia, deixando-nos iluminados, sem preconceitos, sem utopias por cotidianos revelados, assim quis o destino que ficássemos separados. Onde futuros, presentes se juntam num derradeiro instante, aos nossos ricos passados.

Mulher, obrigado! O meu muito obrigado!

Se não tive você em meus braços, fui eu o único culpado.

Respeitei demais e com as minhas atitudes não fui ousado.

O resultado foram 40 anos que fiquei de você afastado. Somente uma semente em meus campos, eu havia plantado. Mas tudo isso é passado, não existe mais, o que nos restam são as lembranças e estas são boas demais.

Saí daquela adornada praça iluminada, com muita gente, bom cheiro e fumaça.

Água, água cristalina, meu momento de esplendor arrasta na exuberante cascata, que só a dama meiga e bela, graciosa e calma, alimentaria a fome do imaginário prazer de minha insaciável alma.

 

Senti meu ar fornecer, ao seu fogo a me acender, podes crê, paguei pra vê, até onde iria o meu bem querer. Depois de ter você comigo e de tomar aquele expresso amigo, com meu chapéu nascia o perfeito príncipe ungido, caminhei de braços dados contigo,  abraçado pelo vendaval que tenta levantar teu vestido, tudo para mostrar o que eu havia perdido.

Quando dei por mim a escada rolante eu já tinha descido. Senti então, o bem estar envolvido, comovido, testemunhei, que bem adquirido a felicidade não lhe tinha trazido. Peguei o possante, novamente no volante, porque não sou santo, derramei o meu pranto e voltei então para o meu canto, tomei ar, bem devagar, para não quebrar todo aquele magnífico encanto.